domingo, 20 de junho de 2010

Na ilha por vezes habitada



Na ilha por vezes habitada do que somos, há noites,
manhãs e madrugadas em que não precisamos de
morrer.
Então sabemos tudo do que foi e será.
O mundo aparece explicado definitivamente e entra
em nós uma grande serenidade, e dizem-se as
palavras que a significam.
Levantamos um punhado de terra e apertamo-la nas
mãos.
Com doçura.
Aí se contém toda a verdade suportável: o contorno, a
vontade e os limites.
Podemos então dizer que somos livres, com a paz e o
sorriso de quem se reconhece e viajou à roda do
mundo infatigável, porque mordeu a alma até aos
ossos dela.
Libertemos devagar a terra onde acontecem milagres
como a água, a pedra e a raiz.
Cada um de nós é por enquanto a vida.
Isso nos baste.

José Saramago

3 comentários:

  1. OBRIGADO PELAS VISITAS...UM ÓTIMO DOMINGO.
    ABRAÇOS !!!

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  2. Saramago deixará saudades. Seus escritos conseguem passar paz e serenidade. Acreditar que o ser humano possui capacidade para mudar a realidade, Abraço querida!

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  3. Anjaa linda, amo Saramago,ele achava a morte muito chata, pq mesmo nao tendo medo da mesma, ele nao queria sair de cena, eu aprendi muito com ele, AGRADEÇOOOOOO DE ALMA E CORAÇÃO PELA SUA HOMENAGEM, VC É FOFA MESMO!!!BJO NA ALMAA!!!ÓTIMA SEMANA E Q O HOJE NOS BASTE, AMANHA É OUTRO DIA...

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Aproveite esse momento...e use a reflexão das palavras do coração...fique a vontade...e solte o verbo com responsa...