sábado, 13 de fevereiro de 2010
Sexta-feira de carnaval.
Caia uma chuva fina.
O céu sem estrelas,sem lua,de um azul profundo.Apenas algumas nuvens pesadas e brancas pairavam.
O tempo frio,banhado por um silêncio sepulcral e corrosivo.Alguns latidos e cantos de grilo compunham a orquestra solitária.A noite parecia chorar junto,o fim de um tempo bom.
Sentia-me profundamente dentro de mim,é como se buscasse algo que não mais existe;como se a imagem no espelho tivesse refletido dois,mas era apenas um,Eu!
Não havia sombras,nem evidências,sempre existirá somente a minha imagem.
Nítida.Quieta.Serena e confusa ao mesmo tempo.Sem respostas para o momento.
O vento começou a soprar mais forte e frio,como se para me advertir,que chegara a hora de seguir adiante.Trilhar um novo caminho.Buscar a realidade.Só.Sem ilusões,sem amores fantasiosos,sem as juras compartilhadas.
Não havia mais nada.
Não havia mais ninguém.
Só um vazio desértico.Doído. Uma vontade de chorar,mas não havia lágrimas,só o vazio profundo provocado pela dor no peito,n'alma,no sentimento vivido sozinho.
Ao longe ainda pude ouvir uma canção,uma batida descompasada,talvez fosse meu coração,e mais uma vez o vento me perturbava,tirando-me do transe que o momento me oferecera.
Imagens se passaram em minha mente,e a mais perfeita,transparente,clara e dura realidade,o fim.
Era uma sexta-feira de carnaval,sem fantasias.
J.®...12/02/2010...às 23h
AnjoDaAnja.
SOLITÁRIO
Como um fantasma que se refugia
Na solidão da natureza morta,
Por trás dos ermos túmulos, um dia,
Eu fui refugiar-me à tua porta!
Fazia frio e o frio que fazia
Não era esse que a carne nos contorta...
Cortava assim como em carniçaria
O aço das facas incisivas corta!
Mas tu não vieste ver minha Desgraça!
E eu saí, como quem tudo repele,
-- Velho caixão a carregar destroços --
Levando apenas na tumba carcaça
O pergaminho singular da pele
E o chocalho fatídico dos ossos!
Augusto dos Anjos
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